***
prasna
***
sukesha
satyakama
gargya
kousalya
bhargava
kabandhi
buscadores
da verdade e de brahman
abeiraram-se com fé e com
humildade
do sábio pippalada que disse
praticai a austeridade
praticai a castidade
praticai a fé
por todo um ano
depois podereis perguntar-me
o que quiserdes
o que tanto desejais
se souber responder-vos-ei
um
ano após
kabandhi
acercou-se do mestre
perguntou
mestre como foi que as criaturas
começaram a existir
o
mestre disse
o senhor dos seres meditou
e produziu prana
a energia primordial
e rayi a doadora da forma
desejou que macho e fêmea
gerassem inúmeras criaturas
prana a energia
primordial é o sol
rayi a substância
que dá a forma é a lua
este universo
o que é grosseiro
o que é subtil
é um com rayi
rayi é omnipresente
o sol
que se ergue embebe o leste
preenche
com energia todos os seres
quando
os seus raios banham o sul
o
oeste o norte no zénite e no nadir
e
nas regiões intermédias
dá
vida a todos os seres que ali habitam
prana é a alma do universo
e assume todas as formas
ele é a luz que anima
ele é a luz que ilumina
conhece o que assume todas as formas
que é radiante que tudo sabe
luz única que a tudo leva a luz
ergue-se como o sol de mil e um raios
permanecendo em locais infinitos
dois são os caminhos do sol
dois são os caminhos que os homens
percorrem depois da morte
que são os caminhos do sul e do norte
os que ambicionam descendentes
que se consagram a dar esmolas
que realizam ritos
alcançam o mundo da lua
e renascem vezes sem conta na terra
percorrem o caminho do sul
que é o caminho dos pais
e é rayi a criadora das formas
os que se dedicam à veneração do eu
através da austeridade e da castidade
da fé e da pureza e do conhecimento
palmilham o caminho do norte
e atingem o mundo do sol
fonte de toda a energia
que está para além
da vida e da morte
brahman
só pode ser alcançado
pelos
que não mentem e
pelos
que não são perversos
bhargava
perguntou
mestre quais os poderes deste
corpo
o
mestre respondeu
são o éter
o ar
a água
e a terra
os cinco elementos
que compõem o corpo
para
além destes
a fala
a mente
os olhos
os ouvidos
esses
poderes declararam com orgulho
somos nós
que mantemos a união do corpo
prana
disse
seus tolos
eu reparto-me cinco vezes
mantenho o corpo unido
e o sustento
tal como o fogo
o prana queima
como o sol cintila
como nuvem chove
como vento sopra
como a lua tudo sustenta
é visível e é invisível
é a vida imortal
como a eterna indra
governa os deuses
a cada sentido
dá a sua função
é o criador
o destruidor
o protector
a pureza
o senhor da luz
kousalya
perguntou
mestre de que nasce
o prana
como se instala no
corpo
como nele vive depois
de se repartir
como sai
como experimenta
o que está no
exterior
como mantém unidos
o corpo os sentidos e a mente
o
mestre respondeu
o prana nasce do eu
como um homem e a
sua sombra
eu e prana são
inseparáveis
o prana penetra
o corpo no nascimento
para que os desejos de vidas passadas
possam ser completados
tal como um rei emprega oficiais
para que governem regiões do seu reino
o
prana agrega em si quatro outros pranas
prana
povoa os olhos os ouvidos a boca e o nariz
apana
governa os órgãos de excreção e os órgãos da reprodução
samana
habita o umbigo e governa a digestão e a assimilação
o eu habita o lótus do coração
que irradia cento e um nervos
que originam milhares
onde move vyana
no momento da morte
o quinto prana transporta o homem honrado
para um nascimento mais elevado
o pecador para um nascimento inferior
e o que é virtuoso e pecador
ao renascimento no mundo dos homens
gargya
perguntou
mestre quando
o corpo de um homem
dorme
quem é que dorme
interiormente
quem está acordado
e quem é que está a
sonhar
quem experimenta a
felicidade
e com quem estão
unidos os
órgãos sensoriais
o
mestre disse
quando um homem
não
ouve
não vê
não
cheira
não
saboreia
não
toca
não
fala
não
agarra
não tem
prazer
dizemos
que dorme
os pranas estão acordados no corpo
e a mente é conduzida para perto do eu
enquanto sonha a mente revive
as suas impressões passadas
seja o que for que tenha visto vê
quando a mente está dominada
por um sono profundo
não é acossada por sonhos
não sonha
repousa em beatitude no corpo
o que conhece o eu imutável
no qual vivem mente e sentidos
os pranas e os elementos
conhece todas as realidades
compreende o eu em tudo
e submerge na verdade
satyakama
perguntou
mestre
se um homem
meditar
sobre a sílaba om
durante toda a
vida
qual será a sua
retribuição
depois da morte
o
mestre respondeu
om é brahman
o condicionado e o
incondicionado
o pessoal e o impessoal
ao meditar sobre
nele
o sábio pode
atingir
tanto um como o
outro
se meditar sobre o
om
com pouco sabedoria
do seu alcance
quando morrer
renascerá sobre a terra
se meditar sobre o
om
com conhecimento
quando morrer
subirá ao céu lunar
e depois de ter
partilhado
os seus prazeres
retornará à terra
se
meditar sobre o om
com
a consciência de que om
é
uno e indiviso com deus
quando
morrer unir-se-á à luz
que
está no sol cintilante
libertar-se-á
de todo mal
e subirá
ao lugar onde brahman habita
brahman
que
reside no coração
de
todos os seres
sukesa
perguntou
onde está o eu
e as suas dezasseis
partes
o
mestre disse
dentro desse corpo habita
o eu
de onde brotaram
as dezasseis partes do
universo
o eu criou o prana
o prana o desejo
o desejo o éter
o ar
o fogo
a água
a terra
os sentidos
a mente
e o alimento
do alimento nasceu
o vigor
a penitência
os vedas
os ritos
e todos os mundos
conhecidos
e desconhecidos
e os nomes
os rios correm para o mar
e nele desaparecem perdendo
seus nomes e suas formas
assim as dezasseis partes
são raios que se projetam do eu
que
é o cubo da roda
e meta do conhecimento
conhecendo-o vivermos para além da morte
***
mundaka
duas formas de
conhecimento
***
do oceano da existência
surgiu brahman
o primeiro entre os deuses
através do qual
todo o resto é conhecido
existem
dois tipos de conhecimento
o superior e o inferior
o inferior é o conhecimento dos vedas
o rig o sama o yajur e o atharva
e das ciências
o superior
é o conhecimento daquilo através do
qual
se conhece a realidade imutável
brahman
tudo
vê
brahman
tudo
conhece
o que transcende os sentidos
que não tem uma causa
que é indeterminável
que não tem olhos
nem ouvidos
nem mãos
nem pés
que tudo permeia
que é mais subtil
do que o mais subtil
que dura eternamente
que é a origem de tudo
que extraiu de si
a causa material do universo
e desta a energia primordial
e desta a mente
da mente os elementos subtis
dos elementos subtis os mundos
e das acções dos seres nos mundos
a lei da causa e efeito
recompensa e punição
de todos os actos
o homem dedicado à vida espiritual
desapegado dos bens materiais
concentrado na meditação
que saiba renunciar ao mundo
conhecerá o eterno imutável
brahman sempre presente
nos corações de todos os seres
princípio da vida palavra
imortal
aquele
que conhece brahman
torna-se
brahman
liberto
dos grilhões da ignorância
torna-se
imortal
***
mandukya
a
consciência
***
brahman é
o universo
o que for que tenha
existido
o que for que exista
o que for que venha a
existir
o om
o que for que
transcenda o passado
o presente e o futuro
também é om
tudo o que vemos
exteriormente é brahma
o
eu que está
no
interior do nosso coração
é brahman
a primeira qualidade do eu
é a consciência dos objectos exteriores
a segunda qualidade
o sono com sonhos
a terceira qualidade
o sono sem sonhos
no sono profundo
não sonha
não tem desejos
é prajna
abençoado e bem-aventurado
prajna
tudo conhece
habita todos os corações
princípio e fim
de todas as coisas
a quarta qualidade
não é uma experiência subjectiva
nem uma experiência objectiva
consciência unitária onde a percepção do
mundo
e da multiplicidade é completamente
eliminada
é
a paz indefinível
é
o bem supremo
é
o um-sem-segundo
é
o eu
para
além de todas as palavras está a sílaba om
que
não pode ser pronunciada
que
está para além da mente
***
taittiriya
da
comida para a alegria
***
que mitra nos conceda a paz
que varuna nos conceda a paz
que aryama nos conceda a paz
que indra e brihaspati nos concedam a paz
que vishnu que tudo permeia nos conceda a
paz
salve
brahman
salve
vós que sois a origem de todo o poder
origem
da plenitude e da felicidade
que
sois a paz perfeita e a imortalidade
que
a luz de brahman brilhe
que o meu corpo seja forte e perfeito
que a minha língua seja doce
que os meus ouvidos ouçam somente
louvores a vós dedicados
que eu seja a glória entre os homens
mais rico do que o mais rico
que o lótus do meu coração vos guarde
a sílaba om
é verdadeiramente
a vossa imagem
através
dessa sílaba
podeis ser alcançado
om
é brahman
om
é tudo
realidade
e verdade
aquele
que medita sobre om
atinge
brahman
e
a imortalidade
conduz-te pela acção correta fala verdade
pratica a austeridade e pensa com pureza
controla os teus desejos e apegos
que em ti haja alegria humildade e compaixão
aquele que conhece brahman
atinge a meta suprema
de brahman que é o eu
procede
o éter
do éter
o ar
do ar o
fogo
do fogo
a água
da água
a terra
da terra
a vegetação
da
vegetação o alimento
do
alimento o corpo
invólucro
físico do eu
o homem
que meditar sobre brahman
com adoração será adorado
se venerar brahman como brahman
tornar-se-á brahman
***
aitareya
o
microcosmo do homem
***
que
a minha palavra seja uma coisa só com a minha mente
e
que a minha mente seja uma coisa só com minha palavra
brahman removei de mim
o véu da ignorância
revelai-me
o espírito das escrituras
que
a minha boca fale a verdade de brahman
antes da criação
tudo o que existia era o eu
somente o eu
nada mais havia
então o eu pensou criarei os mundos
eis os mundos
vou enviar guardas para os mundos
e alimento para que se alimentem
pensou
ainda como podem existir
protectores sem que eu seja parte deles
então
abriu
o centro dos seus crânios e entrou pela porta da bem-aventurança
a porta da bem-aventurança
o mais elevado centro de consciência
conhecida como lótus das mil pétalas
está situada no centro do cérebro
quando a mente do yogue
absorta em meditação
alcança esse centro
compreende a sua unidade com brahman
o quarto estado para além
da vigília do sonho e do sono sem sonhos
sendo
o eu desconhecido
todos
os três estados da alma são unicamente
vigília
sonho sono sem sonhos
o eu
reside em cada um deles
o
olho é o local em que habita quando estamos acordados
a mente
é o local em que habita enquanto sonhamos
o
lótus do coração
é
o local em que habita
quando
dormimos o sono sem sonhos
após
penetrar nos protectores identificou-se com eles
e
o homem vê o eu residindo no lótus do coração como brahman o omnipresente
e
diz
eu conheço brahman
eu sou brahman
o
eu não é a consciência com que entramos em contacto com o mundo
não
é a mente com todos os seus pensamentos
não
é a consciência no estado de sonho
o
eu é consciência pura
o
estado que está sempre presente
subjacente
à vigília ao sonho
e
ao sono sem sonhos
***
chandogya
canção
e sacrifício
***
que
a tranquilidade desça sobre
os
meus membros
a
minha fala
o
meu alento
os
meus olhos
os
meus ouvidos
que todos os meus sentidos
se tornem luminosos e fortes
que a mim brahman se mostre
que eu jamais negue brahman
nem brahman me negue a mim
eu com ele e ele comigo
são
três as imposições do dever
a
primeira
é o sacrifício
o estudo
doar esmolas
a
segunda
é a austeridade
a
terceira
é a vida como estudante
na casa de um mestre
e a prática da castidade
estas três imposições
levam o homem
para o reino dos abençoados
um homem é a sua vontade
transforma-se em conformidade com essa
vontade
e torna-se verdade
ele é aquilo que pensa
o eu é menor do que um grão de arroz
menor do que um grão de cevada
menor do que uma semente de mostarda
mas o eu dentro do lótus do coração
é maior do que a terra
maior do que o céu
do que todos os abismos
maior do que todos os mundos
o eu recolhido dentro do coração
é brahman
o eu dentro do lótus do coração
a alcançar no momento da morte
no passamento
o conhecedor de brahman
deve meditar
nas seguintes verdades
vós
sois imperecível
vós
sois a realidade imutável
vós
sois a fonte da vida
esta
vida
é brahman
o
céu
é
brahman
a
bem-aventurança
é brahman
conhece
brahman
aquele que reluz
nas profundezas
dos teus olhos
é brahman
ele é o teu próprio eu
o belo
o luminoso
em
todos os mundos
para
todo o sempre
brahman
brilha
o corpo morre quando o eu o deixa
porém o eu não morre nunca
tudo o que existe
tem o seu eu
ele é a verdade
ele é a essência subtil
de tudo o que existe
ele é o eu
e o eu és tu
conhece
a verdade eterna
o infinito
está em baixo em cima atrás na frente à direita à esquerda
tu
és isso
o
infinito é o eu
o eu
está em baixo acima atrás na frente à direita à esquerda
tu
és isso
o
eterno é o eu
compreende a verdade do eu
delicia-te no eu rejubila no eu
o eu é o mestre de si
o
que está no macrocosmo
está
no microcosmo
este corpo é mortal
sempre perseguido pela morte
mas dentro dele
reside o eu imortal
***
brihadaranyaka
o
atman
***
em brahman estão as coisas que vemos
em brahman estão as coisas que não vemos
de brahman flui tudo o que existe
levai-me do irreal para o real
levai-me da escuridão para a luz
levai-me da morte para a imortalidade
o mundo existiu primeiro
como semente que cresceu
e tomou nomes e formas
o eu
tudo habita
o universo antes de ser criado
era brahman e brahman conhecia-se como
brahman
a pura bem-aventurança e virtude
a partir de si mesmo criou todas as coisas
e seres
bem como a lei da verdade
quando
o iluminado
conhece
brahman
sabe
que é e o eu do mundo
aquele que medita
sobre brahman
é o iluminado
aquele que
não será desprezado
livre da vida e da morte
abençoado como tal
tornando-se ele mesmo
o brahman imortal
brahman
tudo transcende
luz suprema
infinito e puro
o bem-aventurado
que resplandece
no âmago do coração
em todas as coisas e seres
a quem ninguém pode vencer
a quem ninguém pode conquistar
ajatasatru
questionou gargya sobre brahman
ajatasatru caminhou com gargya
encontraram um homem adormecido
ajatasatru disse
ó vós que sois grande ó rei
tocou-o e ele acordou
disse para gargya
este homem
ser consciente e inteligente
onde estava quando estava adormecido
e como acordou quando
este homem quando está profundamente
adormecido
penetra no eu dentro do lótus do coração
recolhendo em de si os seus sentidos e a sua
mente
quando os sentidos e a mente
estão assim abrigados
ele está absorvido no eu
nesse estado
ele
nada sabe
penetra nos setenta e dois mil nervos
que saem do lótus do coração
quando dorme e sonha
reside num mundo próprio
poderá sonhar
que é rei
comerciante
um anjo
um demónio
um amante
um amado
um campónio
um viajante
um santo
ninguém alcança a imortalidade
por causa da sua riqueza
só através do entendimento do eu
da inteligência pura
todas as coisas e seres
são conhecidos
não
há existência
nem
cura
separada
do eu
para todos os seres
o centro é o eu
havendo consciência do eu
não há mais individualidade
não há mais dualidade
o
eu
é não isso
é não isto
incompreensível
não deteriorável
livre de tudo
é o tudo em tudo
é tudo
brahman é a alma
em cada um
é o eu em tudo
ele é tudo
sem causa e efeito
sem interior e exterior
é o eu
quem conhece a verdade de brahman
a existência de uma morte para a
morte
nunca morrerá irá para além do além
o vosso eu está em tudo
não podeis ver aquele que vê a imagem
não podeis ouvir aquele que escuta o som
não podeis pensar naquele que pensa o
pensamento
não podeis conhecer aquele que conhece o
conhecido
só o vosso eu que tudo alcança
tudo que não seja o eu perece
como o corpo doente que falece
o
vosso eu
está
em tudo
é o que está para além da
fome
é o que está para além da
sede
é o que está para além da
dor
é o que está para além da
ilusão
é o que está para além da
decadência
é o que está para além da
morte
quando
os sábios reconhecem este eu
renunciam
a tudo o que é renunciável
família riqueza prazer
conhecendo o eu
dedicam-se à sua contemplação
como único refúgio
libertos do desejo do apego
do condicionamento do medo
o que habita a terra
mas está separado da terra
que a terra não conhece
cujo corpo é a terra
que controla a terra do interior
o que habita a água
mas está separado da água
que a água não conhece
cujo corpo é a água
que controla a água do interior
o que habita o fogo
mas está separado do fogo
que o fogo não conhece
cujo corpo é o fogo
que controla o fogo do interior
o que habita o céu
o ar e os quatro cantos
o sol e a lua
as estrelas e o éter
a escuridão e a luz
mas está separado deles
que eles não conhecem
cujo corpo são eles
que os controla do
interior
o que habita
o interior de todos os seres
mas está separado de todos os seres
que nenhum ser conhece
cujo corpo são todos os seres
que controla todos os seres
do interior
o que habita o olfacto
a linguagem e a visão
a audição e o tacto
mas está separado de todos
que o olfacto e a linguagem
a visão e a audição
e o tacto não conhecem
cujo corpo é o olfacto
a linguagem e a
visão
e a audição e o
tacto
que os controla
a todos do interior
o que habita
o interior da mente
mas está separado da mente
que a mente não conhece
cujo corpo é a mente
que controla a mente do
interior
o que habita o intelecto
mas está separado do intelecto
que o intelecto não conhece
cujo corpo é o intelecto
que controla o intelecto do
interior
o
que pensa
que
não
é
conhecido
mas
é aquele que conhece
não existindo outro que veja a
não ser ele
não existindo outro que ouça a
não ser ele
não existindo outro que pense a
não ser ele
não existindo outro que conheça
a não ser ele
é
o eu
o governante
interior
o
que é imortal
o
que existe sempre
o
que não fenece
qualquer
coisa que não seja o eu perece
o
eu é o coração
o
eu é brahman
eu
sou brahman
tudo
é união
o eu no estado de vigília
vivencia os prazeres dos sentidos
experimenta o bem e o mal
e volta aos seus sonhos
movendo-se entre a vigília e o sonho
depois volta ao estado de sono profundo
onde nada deseja e mais não sonha
livre do mal e dos apegos
livre da dor e do medo
tudo desaparece
pai e mãe
filhos e amigos
mundos e deuses
ladrões e
assassinos
pobres e ricos
monges e eremitas
não
vê não sente odores não sente gosto não fala não ouve não pensa não sente não sabe
no
entanto ele pode ver pois a visão e ele são um só
pode
sentir odores pois o olfacto e ele são um só
pode
sentir gosto pois o gosto e ele são um só
pode
falar pois a linguagem e ele são um só
pode
ouvir pois a audição e ele são um só
pode
pensar pois o pensamento e ele são um só
pode
tocar pois o tacto e ele são um só
pode
saber pois o saber e ele são um só
eterna
é a luz
da
consciência
imortal
é o eu
o eu
é puro
como
água cristalina
o
único que vê
o um-sem-segundo
consoante os desejos do homem
assim é a sua vontade
conforme a sua vontade
assim será a sua acção
segundo a sua acção
assim será a sua recompensa
e assim é e será o seu destino
o caminho da libertação
é duro e extenso
dificilmente alguém alcançará o fim
tende autocontrolo
sede caridosos
sede compassivos
o eu
o grande
não-nascido
incorruptível
que não morre
imortal
que está liberto
do desejo
do apego
do medo
é brahman
e o que conhece brahman
não tem medo
o que conhece brahman
torna-se brahman
tende
autocontrolo
sede
caridosos
sede
compassivos
***
swetasvatara
as
faces de deus
***
ó brahman supremo
vós não possuís forma
embora ninguém saiba a razão
muitas são as formas que criais
vós as gerais e as recolheis dentro de
vós
saciai-nos
com os vossos
pensamentos
vós sois o fogo
vós sois o sol
vós sois o ar
vós sois a lua
e o luar
o firmamento estrelado
vós sois o sumo brahman
vós sois as águas
vós o criador de tudo
vós sois a mulher
vós sois o homem
vós sois a criança
vós sois o jovem
vós sois a virgem
vós sois o ancião
vós sois a quietude
vós sois a dança
vós
estais voltado
para
todo o lado
vós sois a borboleta
vós sois o papagaio verde
de olhos vermelhos
vós sois a violeta
vós sois a nuvem negra
da trovoada
vós sois as estações
vós sois a chuva abençoada
vós sois oceanos e mares
vós
sois o-sem-princípio
para
além do tempo
para
além do espaço
vós
sois aquele
de
quem brotaram
três
mundos
maya é vossa
companheira divina
convosco casada
vós sois seu senhor
seu governante
seu amor
ela é vermelha
branca e negra
sendo cada cor
uma guna
inúmeros
são seus filhos
rios
vales
ribeiros
lagos
montanhas
serras
flores
pedras
lajes
arbustos
vegetais
árvores
aves
animais
e o homem
de todos os modos
iguais a ela própria
vós
espírito na carne
esquecendo o que sois
unistes-vos com maya
por uma única estação
separando-vos dela
vós vos readquiristes
vós o imortal brahman
vós feito de barro
dois seres num só
como dois belos pássaros
de plumagem dourada
inseparáveis companheiros
elevados nos ramos altos
da mesma árvore
como homem provais
os doces frutos da árvore
frutos doces e os amargos
como brahman
senhor de maya
permaneceis invisível
e imóvel
tudo observando sereno
o homem geme com dores
deixai-o encarar-vos perto
contemplar a vossa glória
em
vós
habitam os deuses
vós sois a fonte de todas as
escrituras
que proveito terão as escrituras
se forem aprazíveis aos lábios
mas ausentes do coração
vós sois o senhor
e o mestre de maya
unindo-vos com ela criaste o universo
sois a fonte de todas as escrituras
e a fonte de todos os credos
o universo é a vossa maya
e vós supremo deus o seu senhor
onde quer que os olhos caiam
adentro de todas as formas
vós as habitais
vós sois um só
apenas um
nascido
de muitos úteros
vós vos tornastes muitos
e para vós todos retornam
vós
sois
o senhor
deus
de todos os deuses
todos os mundos em vós descansam
vós sois o governante
das bestas
de duas patas
das de quatro patas
vossa seja a devoção dos nossos corações
vós sois o senhor bem-aventurado
mais subtil do que o mais subtil seja
somente em vós existe paz que se veja
vós
único guardião do universo
de tudo o senhor
nos corações dos seres
vos escondeis
os
deuses e os que vêem
tornam-se
um convosco
os
que vos conhecem não morrem
de
todas as religiões vós sois a fonte
ao brilhar a luz do vosso conhecimento
não existe dia ou noite
ser ou não ser
somente vós sois
somente vós sois a luz
perdurável e venerável
ninguém ao vosso lado
ninguém é igual a vós
oculta é a vossa forma
imperceptível aos olhos dos mortais
só aqueles que vêem
em seus corações purificados
só eles vos vêem
só eles são imortais
vós sois a própria consciência
vós sois o criador do tempo
omnisciente sois vós
ao vosso comando maya
vosso poder divino
projecta este universo visível
projecta os nomes e as formas
sois
o ser primordial
surgis
como este universo
de
ilusão e sonho
estais
além do tempo
uno
infinito e eterno
-
que o homem medite sobre vós no lótus do seu coração -
e
vós dar-vos-eis a conhecer
vós útero
e túmulo do universo
fonte de toda virtude
aniquilador de todos os pecados
quando
por homem sois visto
o
tempo e a forma desaparecem
surgindo
a paz
que
o homem
siga
vosso
caminho
conhecendo-vos
e
todos
os seus grilhões
serão
amainados
ou
quebrados
***
***
Versão
livre dos Upanishads
***
04/2021
José Maria Alves
https://homeoesp.blogspot.com/
https://jma-antipoesia.blogspot.pt/
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