A
SHANKARACHARYA
****
é
difícil para qualquer criatura viva
nascer
em forma humana
difícil é obter
a energia do corpo
a vontade
a pureza
o desejo de deus
a compreensão das escrituras
o ensinamento de um iluminado
difícil é
o discernimento
entre o atman
e o não-atman
a percepção directa do atman
a união contínua com brahman
a libertação final
só podem ser alcançadas
através do merecimento de
milhões
de encarnações bem-vividas
os que conseguem obter o
raro
nascimento humano
que não lutam pela
libertação
são tolos suicidas
apegados às suas
ilusões
nunca
realizando o supremo bem
os homens
podem recitar as escrituras
oferecer sacrifícios aos deuses
podem realizar rituais e
adorar as divindades
mas enquanto não acordarem para o
conhecimento
da sua identidade com o atman
jamais atingirão a libertação
nem
mesmo
ao
fim de muitos séculos
as escrituras declaram que
a imortalidade não pode ser conquistada através do trabalho nem da linhagem nem da riqueza
mas pela renúncia
o
trabalho
não
nos pode conduzir
à libertação
que
o sábio renuncie à busca do prazer
nas
coisas exteriores
e
lute arduamente pela libertação
que
procure um mestre excelente
de
alma elevada pura e justificada
e
se absorva na verdade que lhe é ensinada
***
pela
devoção
ascenderás
à suprema
união
com brahman
crescendo na tranquilidade
praticando a contemplação do atman
desenlaçando-se de todas as actividades
do mundo
esforçando-se por cortar os vínculos
com os objectos
purificando o coração pela acção
recta
apurando o discernimento
o homem terá a percepção da
realidade
o discernimento correcto
revela-nos
a verdadeira natureza da
corda
remove
o medo da crença ilusória
de
que a corda seja uma serpente
o conhecimento da realidade
só pode ser obtido através
da meditação
sobre a doutrina correcta
não
por meio
de abluções sagradas
de esmolas
ou da prática
de
centenas
de
exercícios respiratórios
***
quem
deseja conhecer o atman
a
verdadeira realidade
pratique
o discernimento
que
a sua compaixão
seja
tão vasta
como
o oceano
munido de
inteligência
sabedoria
compreensão
discernimento
entre o
eterno e o não-eterno
da renúncia
aos frutos da acção
tranquilidade
sem desejos
renunciando ao mundo
aspirando à libertação
estará
habilitado a obter
o
conhecimento do atman
brahman
é real
o
universo é irreal
esta verdade
procede do discernimento
entre o eterno e o não-eterno
a renúncia
é o abandono
de todos os prazeres dos sentidos
o abandono
de todos os objectos
do prazer passageiro
o abandono
do desejo de um corpo
físico
e do corpo-espírito de um deus
dirigindo
a mente para brahman
e
só para brahman
faz
com que se atinja a tranquilidade
separar-se dos dois tipos
de órgãos sensoriais
os da percepção
e os da acção
das coisas objectivas
deixando-os repousar
nos seus respectivos centros
é autocontrolo
o equilíbrio mental
consiste em não permitir
que a mente reaja
aos estímulos externos
suportar todos os tipos
de aflição
sem revolta
sem queixa
sem lamento
é paciência
a fé
é a convicção baseada
na compreensão intelectual
de que os ensinamentos das escrituras
e de um mestre são verdadeiros
***
o anseio de libertação
é a determinação
que nos livra
dos grilhões
forjados pela
ignorância
libertos
do sentimento do ego
libertos
do corpo físico
compreendendo
a nossa verdadeira natureza
se esse anseio
de libertação
estiver presente
num leve grau
aumentará
através
da prática da renúncia
da tranquilidade
se a renúncia
a tranquilidade
o desejo de libertação
forem débeis
tudo não passará de uma
mera aparência
como uma miragem no
deserto
entre
os meios de libertação
a
devoção é a suprema
devoção
é quando nos empenhamos em
conhecer a nossa verdadeira
natureza
devoção
é
a
busca da realidade
do
nosso atman
a
devoção
é o
caminho da libertação
em
todos os tipos de escravidão
***
o mestre
é versado nas escrituras
puro
liberto da luxúria
perfeito conhecedor de brahman
o
mestre mantém-se
continuamente
apoiado
em brahman
é calmo
como a chama cujo
combustível vai sendo consumido
é um oceano de amor
que não conhece
causas subsequentes
amigo de todos aqueles
que humildemente se
deixam guiar pela sua doutrina
tu que ardes no incêndio
da floresta que é o mundo
fogo
que ninguém pode apagar
tu que vives no terror
desta vida terrena
tu que estás imerso na
miséria da vida material
tu a quem as acções do
passado te impelem daqui para ali
e
dali para aqui
tu que és arrastado por
terríveis vendavais
vindos
dos quatro quadrantes
dos
quatro pontos cardeais
busca refúgio e o
conhecimento de brahman nesse mestre
tu
e ele juntos
salvar-te-ão
da morte
existem
almas puras
que
alcançaram
a
paz e a grandeza
trazem o bem à humanidade
como o ressurgir da
primavera
também elas atravessaram
o terrível oceano deste
mundo
agora
sem
nenhum motivo egoísta
socorrem
os outros na travessia
é próprio dessas
grandes almas
trabalhar
voluntariamente
para aliviar as tribulações
dos seus semelhantes
tal como a lua
refresca
a terra crestada
pelos ardentes
raios de sol
a
nau desses lábios
mergulhou
na bem-aventurança de brahman
e
impregnou-se da sua doçura
derramai sobre mim
como gotas
de néctar
as palavras
de brahman
palavras
que purificam
acalmam
agradáveis
ao ouvido
bem-aventurado
é aquele
sobre
quem os olhos de brahman
repousam
um instante que seja
ao discípulo
que buscou a sua protecção
que é quem almeja a libertação
que cumpriu rigorosamente os
seus deveres
cujo coração se tornou tranquilo e que alcançou
a serenidade da mente
com compaixão
o mestre
homem santo
começa a instruí-lo
na verdade
fazendo-o transpor
o oceano da vida terrena
alcançando a bem-aventurança
revela-lhe o modo
de transpor a corrente
aportando na outra margem
de atravessar o
oceano do mundo
sem se afogar na morte
***
medita sobre
o significado da
verdade
com
fé
devoção
união constante
com deus
através da oração
caminho para a libertação
libertação do cativeiro
destruição da ignorância
que conduz à iluminação
havendo discernimento
entre o atman
e o não
atman
não haverá ignorância
acende-se
a chama da iluminação
***
perguntas
o que é na realidade essa
servidão
como é que ela começou
em que se enraíza
como é que o homem dela se
liberta
o que é o não-atman
o que é o supremo atman
como é que os posso
distinguir
não há quem te consiga libertar
da escravidão neste mundo atroz
terás de ser tu
se
sem mestre
que
seja o teu coração
o teu
mestre
se carregas um fardo aos
ombros
outro pode auxiliar-te nesse
sofrimento
se sofres
porque tens
fome
sede
dor
ansiedade
angústia
melancolia
depressão
só tu
te podes
aliviar
se doente
não te
curarás se for o médico
a tomar
o medicamento no teu lugar
se
buscas
uma
visão clara da realidade
terás
sempre de usar os teus olhos
e o teu
discernimento espiritual
não
poderás usar os olhos
e
o discernimento de outrem
se
estás
amarrado
aos desejos sensuais
e aos
frutos das tuas acções
só
tu te podes desatar
nem
pela prática do yoga
da filosofia sankhya
pelas boas obras
pelo saber
atingirás
a libertação
a
libertação só pode ser
atingida
pela compreensão
de
que atman e brahman são um
não te deixes iludir
a erudição
o discurso convincente
a riqueza de
vocabulário
a capacidade de
interpretar as escrituras
não conduzem à libertação
o
estudo das escrituras
será
em vão
enquanto
brahman
não
tiver sido experienciado
depois
que brahman
tenha
sido vivenciado
é
inútil ler as escrituras
quando um homem
foi mordido
pela
cobra da ignorância
só poderá ser curado
pela realização
de brahman
para que servem
os vedas
as escrituras
os amuletos
as medalhas
as ervas medicinais
as palavras
sem a realização de brahman
para nada para nada
não se cura uma doença
pronunciando
a palavra medicamento
é
imperioso que se tome o remédio
a libertação
não se atinge
com a pronúncia
da palavra brahman
brahman
tem
de ser
experienciado
enquanto não permitirmos
que este universo aparente
desapareça da nossa consciência
enquanto não vivenciarmos
brahman
como
poderemos encontrar a libertação
será que o podemos atingir
pela simples pronúncia da palavra
não o resultado é um infindável ruído
enquanto não
tiver destruído
os seus inimigos
e tomado posse
do esplendor
das riquezas
do reino
o homem
não pode
tornar-se rei
dizendo
simplesmente
eu
sou um rei
um tesouro
enterrado
não pode
ser descoberto
pronunciando-se
a
palavra aparece
é necessário observar
as pistas certas
cavar
remover
as pedras
e a
terra
que o
ocultam
e então dele
tomar posse
do mesmo modo
a pura verdade do atman
que está soterrada sob maya
sob as consequências de maya
só poderá ser alcançada
pela
meditação
pela contemplação
por
outras disciplinas
que
o conhecedor de brahman
pode
ensinar
nunca
por meio de argumentos subtis
***
dos passos
que conduzem à libertação
o primeiro
é o completo desapego
de todas as coisas não eternas
em seguida
a prática da tranquilidade
do autocontrolo
da paciência
depois
a completa renúncia
das acções suscitadas
pelo desejo pessoal egoísta
o
discípulo deve ouvir
a
verdade do atman
e
reflectir a respeito dela
meditar nela
constante e ininterruptamente
durante longo período de tempo
para que possa alcançar o estado
supremo
no
qual a consciência do sujeito
e
do objecto se dissolve
e
só a infinita consciência
da
unidade permanece
aí
conhece
a
bem-aventurança
do
nirvana
enquanto
ainda
vive
neste
mundo
***
como poderás obter o
discernimento
entre o que é atman e o
não-atman
há o corpo material
suas partes
órgãos
e substâncias
o
corpo
é
a verdadeira raiz
da
ilusão do eu e do meu
os seres iludidos
que estão
enlaçados
nos objectos
que os experimentam
pela corda possante do desejo
tão difícil de romper
permanecem
sujeitos
ao
nascimento e à morte
são impelidos de lá para cá
pelo seu próprio karma
lei que é inabalável
o cervo o elefante a
mariposa o peixe a abelha
cada um destes animais
caminha para a morte
sob o encanto de apenas
um dos cinco sentidos
qual não há-de ser o destino
que aguarda o homem subordinado
pela fascinação dos cinco sentidos
os objectos percebidos
pelos sentidos
são mais danosos
do que o veneno da cobra
o veneno só mata
quando é introduzido no corpo
esses objectos
arruínam-nos
pelo simples facto de
serem vistos com os olhos
só o que se libertou
da terrível armadilha
do desejo
dos prazeres sensoriais
aos quais é tão difícil
renunciar
poderá
atingir a libertação
mais
ninguém
ainda
que seja um entendido
nos
seis sistemas de filosofia
os que dizem
buscar a libertação
mas não possuem
o verdadeiro espírito de renúncia
tentam ainda assim
atravessar o oceano deste mundo
o tubarão do desejo
agarra-os pela garganta
desvia-os do seu rumo
acabando por se
afogar a meio do caminho
o que destruiu o tubarão
do desejo sensitivo
com a espada da impassibilidade
atravessa o oceano deste mundo
sem se deparar
com nenhum obstáculo
o homem iludido
que caminha
pela terrível
vereda
do desejo sensorial
aproxima-se a cada
passo
da sua ruína
o que trilha o caminho
indicado pelo seu mestre
e pelo seu próprio
discernimento
colhe o fruto supremo
do conhecimento de brahman
se almejas
libertar-te
mantém
os objectos
do gozo sensitivo
à distância
como farias
com um veneno letal
continua
a beber
com deleite
como um
néctar
as
virtudes
do contentamento
da compaixão
do perdão
da sinceridade
da serenidade
do autocontrolo
o homem deve estar
ininterruptamente
dedicado à libertação
da servidão da ignorância
o que negligencia esse dever
e está apaixonadamente empenhado
em alimentar os desejos do corpo
comete um suicídio
o
corpo é apenas
um
veículo de experiência
para
o espírito humano
o que procura encontrar o
atman
alimentando os desejos do
corpo
está a tentar atravessar um rio
agarrado a um crocodilo
confundindo-o com uma tábua
o apego ao corpo
aos objectos
e às pessoas
é fatal para aquele
que busca a libertação
quem
superou completamente o apego
está
pronto
para
alcançar o estado de libertação
destrói o apego
ao corpo
à esposa
aos filhos
aos outros
os
iluminados que o superam
entram
na suprema morada de vishnu
que
é aquele que tudo impregna
o corpo que é feito
de pele
carne
sangue
artérias
veias
gordura
tutano
ossos
está cheio de matéria residual
de imundície
e merece o
nosso desprezo
este corpo físico
é composto por elementos materiais
nasceu através do karma de uma vida
anterior
é o veículo da experiência para o atman
quando
percepcionamos o universo
isso
é conhecido como
o
estado de vigília da consciência
no estado de vigília da consciência
o homem encontra a sua plena actividade no
corpo
e nesse
estado identifica-se com o seu corpo
embora esteja efectivamente separado dele
por meio dos sentidos externos
usufrui os objectos materiais
como grinaldas
perfumes
jogos
mulheres
e outros
que
lhe proporcionam prazer
o corpo material
está votado
ao nascimento
à infância
à juventude
à dor
à doença
ao declínio
à morte
os seus
órgãos
de percepção
são
os ouvidos
a pele
os olhos
o nariz
a língua
por
intermédio dos quais conhecemos os objectos
os seus
órgãos
de acção
são
os vocais
as mãos
as pernas
os de excreção
os de reprodução
que
nos envolvem na acção
o órgão mental
compreende
a mente
o intelecto
a natureza emocional
distinguem-se
pelas suas diferentes funções
a função da mente
é
examinar os vários aspectos de um objecto
a função do intelecto
é determinar a verdadeira natureza do
objecto
o ego
é a autoconsciência que surge
quando o órgão mental
se identifica com o corpo
a
tendência da natureza emocional
é
atrair-nos para aquilo que é agradável
o estado de sonho
pertence ao corpo subtil
durante os
sonhos
cria a sua
própria matéria
brilha com a
sua própria luz
o órgão mental
é um depósito
das impressões deixadas
pelos desejos
que experimentamos
no estado de vigília
nos sonhos
o órgão mental identifica-se
com a consciência do ego
e depende dessas impressões residuais
no entanto o atman
permanece como sempre
na sua própria consciência
auto-iluminada
o atman tudo testemunha
mas não se deixa contaminar
pelas experiências oníricas
mantendo-se eternamente
livre e indemne
***
o homem
passa pelos
três estados de
consciência
a vigília
o sonho
o sono
sem sonhos
quando os objectos
da experiência são
agradáveis
ele é
feliz
quando são desagradáveis
é infeliz
no
sono sem sonhos
quando
não há nenhum objecto de experiência
sente-se
a alegria do atman
o
que é confirmado pela nossa própria experiência
maya no seu aspecto
virtual
é o poder divino de deus
não tem começo
está para além da
percepção
não é nem um ser nem um
não-ser
nem uma mistura de
ambos
não é nem divisível nem
indivisível
nem uma amálgama de
ambos
não é nem um todo
indivisível
nem uma soma de partes
nem uma mistura de ambos
a
sua natureza é inexplicável
como
a percepção
de
que uma corda é uma corda
destrói
a ilusão de que ela seja uma serpente
também
maya é destruída
pela
experiência directa de brahman
o puro
o
livre
o
primeiro-sem-segundo
a pureza ilumina
o caminho da iluminação
revela o atman
tal como o sol revela o
mundo objectivo
na pureza absoluta existe
ausência de
orgulho
contentamento
austeridade
desejo de
estudar as escrituras
submissão a
deus
inocência
verdade
castidade
ausência de cobiça
fé
devoção
anseio de libertação
aversão às
coisas deste mundo
serenidade
percepção directa do atman
paz absoluta
júbilo
alegria
constante devoção ao atman
eterna
beatitude
no sono sem sonhos
não há
nenhum tipo de cognição
porém a mente continua
a existir na sua forma subtil
a prova disso pode ser encontrada
na experiência de todos os indivíduos
quando
acordam
a
mente
ainda
se recorda
e diz
para si
não me
apercebi de nada
o universo objectivo é maya
maya
não é o atman
maya
e os seus efeitos
é uma
miragem no deserto
***
quem
alcançar o atman
livre
dos grilhões da ignorância
alcançará
a libertação
há uma realidade que
existe por si mesma
e que constitui o
sustentáculo da nossa consciência do ego
que é a testemunha dos
três estados da nossa consciência
vigília sono com sonhos sono sem sonhos
realidade que conhece os
três estados da consciência
é
o atman
o
que tudo conhece
o ser supremo
distinto de maya
consciência pura
amor infinito
sabedoria infinita
permanente
imutável
indivisível
livre do apego
eterno
conhecedor
da vigília
do sono
do sono sem sonhos
o
um-sem-um-segundo
que
reside
no
infinito coração do universo
puro e sereno
conhece
o atman por ti mesmo
directamente
no teu interior
reconhece-o
como o eu real
serás bem-aventurado
não vejas a serpente na corda
o ego produzido pelo atman
vela a verdadeira natureza do atman
come os frutos da árvore
da vida
liberta-te das dores
do nascimento
da velhice
da doença
da morte
quando a ilusão e a
ignorância
forem
removidas verás
o
atman puro que é o deus
que
habita no nosso íntimo
como
infinita e autêntica bem-aventurança
o
ente supremo e auto-iluminado
permanece
sempre nele
na
caverna do teu coração
atingirás
a suprema iluminação
este corpo
é um envoltório físico
não
pode ser o atman
que
é a pureza eterna
o
que existe por si
o corpo não existia
antes do nascimento
não existirá depois da morte
existe por um breve lapso de tempo
no intervalo entre nascimento e morte
não
pode ser o atman
que
vivencia
todas
as experiências
o
atman
é
o que tudo conhece
o
que existe por si só
só o ignorante
se identifica
com o corpo
o
atman
é
o verdadeiro ser
a
única realidade suprema
o tolo pensa
eu sou este corpo
o sensato pensa
eu sou uma alma
individual
que está unida ao corpo
o
sábio na grandeza
do
seu conhecimento
e
discernimento espiritual
vê
o atman como a realidade
e
pensa
eu
sou brahman
eu
sou brahman
quando
o coração estiver livre da ignorância
não
haverá nenhuma hipótese de renascimento
terás
alcançado a imortalidade
a mente
com os órgãos da percepção
forma o envoltório mental
produz a consciência do eu
e do meu
permite-nos distinguir
os objectos
a
mente está repleta de ignorância
e
a ignorância gera a servidão
do
nascimento e da morte
quando
no conhecimento do atman
o homem transcende a mente
o universo fenomenal
retira-se da sua consciência
quando
o homem
vive no domínio
da ignorância mental
o universo fenomenal
tem existência
no sonho
a mente está desapercebida
do universo objectivo
mas cria pela sua própria faculdade
um universo completo
com sujeito e objecto
o
estado de vigília
não
passa
de
um sonho prolongado
o
universo fenomenal existe na mente
no
sono sem sonhos
quando
a mente está silente
não
há nada que exista
esta
é a nossa experiência universal
o
nascimento e a morte
são
uma criação quimérica da mente
não
uma realidade
o vento acumula as nuvens
o vento
volta a espalhá-las
a mente cria a servidão
a mente
remove-a
a
mente cria o apego às coisas do mundo
a
mente pode libertar o homem da sua servidão
pelo
discernimento pela paz e purificação
confundir
o atman com o não-atman
é a
causa da roda do nascimento e morte
e do renascimento
do homem
procura
a libertação
arranca
os desejos pela raiz
pratica
o desapego
crê na
realidade
medita
em brahman
o
envoltório mental
que tem
princípio e fim
que está
sujeito à mudança
que é
fonte de dor
não
pode ser o atman
o
atman que é consciência pura
é
a luz que brilha no santuário do coração
o
centro de toda força vital
não pode ser o intelecto
***
poderá o atman ser o eu
individual
essa a maior das ilusões
o
atman é eternamente livre
sem
forma
e
está para além de qualquer acção
a sua identificação
com os objectos
é imaginária
irreal
dizemos
o céu é azul
mas terá o céu qualquer cor
não
o atman é a testemunha
que está
para além
de qualquer
atributo
é compreendido
como
consciência pura
infinita
bem-aventurança
confundi-lo com
o eu individual
é grande ignorância
quando uma coisa
que antes não existia
começa a existir
isso implica
que ela era inexistente
desde sempre
essa inexistência
embora não tendo tido princípio
cessa assim que tal coisa começa a
existir
a ignorância
embora
não tenha tido princípio
não
é eterna
o mesmo sucede
com a aparência de um eu
aparência que se deve
a uma falsa identificação
do atman
com o corpo
com a mente
com o intelecto
a falsa identificação
resulta da ignorância
o
homem deve praticar
o
discernimento entre o atman
e
o eu individual
o atman cintila
quando se lhe extraem
as impurezas
o intelecto não pode ser o
atman
porquanto
está sujeito a mudanças
é finito
é um objecto da experiência
é transitório
o
não-eterno
não
pode ser
o
eterno atman
a bem-aventurança
é-nos revelada
no estado de sono profundo
é parcialmente revelada
nos estados de vigília e
de sonho
quando um objecto dos
nossos desejos
está a ser desfrutado
a bem-aventurança não pode
ser o atman
porquanto
é limitada
é um efeito de maya
é experimentada
como
resultado de boas acções
o atman
brilha por si mesmo
é a testemunha
dos três estados de consciência
vigília sonho e sono profundo
é existência imutável
é consciência pura
eternamente bem-aventurado
é o que habita no interior do
coração
***
poderá haver uma
existência
que seja una com brahman
quando nada do que vimos é
o atman
há uma realidade que
alcança a consciência
que atinge o próprio vazio
o
atman é a sua própria testemunha
que
está consciente de si mesmo
o
atman não é outro senão brahman
****
o
atman
é
consciência pura
que
se manifesta subjacente
aos
estados de vigília
de
sonho
de
sono sem sonhos
ou
sono profundo
é
experimentado interiormente
como
consciência permanente
a
consciência de que eu sou eu
é
a testemunha imutável
que
experimenta o ego
o
intelecto
e
todo o resto
com
as suas várias formas
é compreendido
no
íntimo do nosso coração
como
existência
conhecimento
e suprema
bem-aventurança
realiza
esse atman no santuário
do
teu próprio coração
e
passarás para além da morte
o
atman é brahman
o
um-sem-segundo
o
atman é uno com brahman
tal
é a verdade suprema
só
brahman é real
nada
existe senão ele
****
***
Versão
livre de Viveka-Chuda-Mani
***
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